Andorra...

É linda.

Andorra é um mini país lindo, encantador, as paisagens são incríveis, quando vais a passar e vês tudo coberto de neve, riachos gelados atravessados por pontes com mantos brancos por cima, as casinhas acolhedoras, e, muito importante: CAFÉ DELTA!!!

Quem nunca emigrou não faz ideia do que se sente quando estás noutro país, metes o açúcar no café e vês, com surpresa, que o açúcar demora segundos a afundar-se por baixo da camada de creme em vez de afundar-se com o típico plof dos cafés maus sem creme nem nada a que estás habituado cá fora.

E sim, Andorra está carregadinha de tugas. Para além dos emigrantes, havia imensos turistas. Matrículas tugas por toda a parte.

Continuando.

A táctica era aparecermos disfarçados num determinado sector e ofereciam o forfait (que ainda custa uns 40 eurecos por dia). Antes de sairmos de Barcelona, fomos comprar fatos de Carnaval.

Fomos vestidos de Morte.

De Morte??!!

Sim, de Morte.

Posso passar parágrafos e parágrafos a dissertar sobre a simbologia de ir vestida de morte para fazer um desporto radical que não domino de forma a afastar a mesma, posso falar sobre a estética de levar tal fato, para camuflar-me no meio das árvores (era 1 castanho cor de merda) ou posso simplesmente dizer que custava 9 euros e era fácil de vestir e despir por cima da roupa de neve e cabia facilmente na mochila depois de entrar na pista.

Então o plano era o seguinte:
Vestir aquilo, ir buscar o forfait e despir mal entrávamos, pelo menos para fazer coisas básicas como ver e respirar...

Depois de entrar e superar as bichas intermináveis para alugar as botas de snowboard e o resto do equipamento para quem precisava, saltámos para a neve. Eu, que até agora só tinha experimentado uma vez snowboard também em Andorra mas em Grandvalira, Ainda tinha bem viva na memória qual a sensação de cair na neve quando está má, em gelo quase. Mas sobre a táctica em si não me lembrava de nada. Bem, de quase nada. Lembrava-me do que doía. Mas assim que enfiei a tábua nos pés passou-me o stress.

Como íamos com quem sabia, meteram-nos logo nas cadeirinhas para ir para pistas mais longe e com menos gente.

Não havia hipóteses de dizer: Não, quero ficar aqui nas pistas verdes com os bebés, tenho medo... Fomos e mais nada. E recomendo a toda a gente. Se a neve está boa – e estava – é tudo tão divertido. Cair não doía (quase) nada, já conseguia descer sem quase cair, estávamos todos super descontraídos, encontramos vacas e touros a esquiar, escoceses sem collants ali com a salada ao frio, ovos estrelados, batmans, enfim. Uma carrada de gente disfarçada. Conosco ia uma princesa, um cardeal e uma sardinha.

Ao fim do dia estávamos mortos, obviamente, e recolhemos ao hotel, tomar banho, jantar n1 pizzaria onde os empregados eram tugas e o café delta, claro, e já nem tivemos energia para ir sair.

No dia a seguir, logo às 8 da matina, toca a acordar, vestir e tomar 1 pequeno almoço de campeões – não devia ser natural comer assim logo pela manhã – que nos aguentou até às 3 e tal da tarde sem nos lembrarmos que tínhamos fome.

Mas a neve lembrou-me que no dia anterior tínhamos estado lá. Nomeadamente na zona do rabo e dos braços. Voltei a descobrir músculos que não sabia que existiam, mas valeu a pena.

A estação de Arcalis era imponente e linda. A primeira viagem de cadeirinhas era impressionante, subia, subia, subia... Tudo branco à volta, o céu azul, a neve ofuscava os olhos, e claro, nem me ocorria que todo aquele tempo a subir significava que ia ter de descer.
Mas a conclusão é que é oficial: estou apaixonada por Andorra.

Estou à espera de mais fotos, mas para já aqui vão algumas: